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sábado, 13 de outubro de 2018

Mundo reverso


Como é possível não enlouquecer nesse mundo? Como matamos uns aos outros!? Como uma mãe come seu filhote?! Como alimentamos o ódio com ideias subjetivas?! Como maltratamos os animais e a nós mesmos?! Auto-flagelo.


O mar é a nossa respiração. As ondas vão e vem como o nosso inspirar e espirar. Eh reflexo de nós mesmos. Reflexo do sol, reflexo de nossos olhos diante da luz, da insensatez. Onda fortes batem como nossas emoções. Nossos momentos de frustrações, arrependimentos, raiva e tristeza.

A beleza do bater das asas, o vento a levar, a direção que assopra e que arrebenta. Faz tremer e faz brincar. Sobre montanhas, pedras, sob a vaidade e crenças. Sobre mitos e verdades, são lendas do rio que sobe, o menino pequeno caminha, brinca de roda, ele pisca e se arrisca no fogo, some por dentre as faíscas. Ardem labaredas de água límpida , molham cinzas de solidão. O gelo queima sem sentir. O álcool derrete cada gota da imensidão.

A respiração volta a ser pesada. Pés molhados atados ao chão. O coração bate, assola o sino solto , sombrio e envaidecido de soberba e medo. 

Voltam às cores a rodopiar na escuridão do mar, como peixinhos amarelos de tonalidade curiosa, são bailarinas a voar, nadadeiras a rebolar no vai e vem das correntes da perfeição. Eh a leveza misturada ao balé, balé esse das baleias, das amigas, da mãe natureza.

Eh um grito mudo, surdo que alcança falésias, são sequências idênticas, repetitivas e obsoletas. Resolutas.


terça-feira, 28 de agosto de 2018

Marcas da idade

Foi uma questão de gentileza, estava pedalando na calçada lugar que sabia que não era o meu, quando me deparei com uma senhora que andava calmamente, me olhando mas ao mesmo tempo sem notar a minha presença, continuei pedalando lentamente me esgueirando pro canto da parede, quando ela deu um sorriso fingindo não me ver mas me olhando profundamente nos olho,s enquanto eu quase caia de canto na parede. Minha mente deu um salto pra fora, meu espírito rodopiou pelo ar junto com aquela expressão forte e ao mesmo tempo frágil. 

Minha consciência parou nos olhos dela, foi um baque. 
O mundo parou. 
Eu me tornei ela, ela veio a mim em um entrelaço de espíritos. 

Eu vivi por um segundo suas experiências de vida, sua simplicidade. Eu continuei pedalando. 
Mas minha consciência ficou lá naquele momento e por horas trabalhando eu não estava em mim. Eu estava lá. Eu estou lá. 


Quantas vezes por dia paramos para olhar no fundo dos olhos das outras pessoas? Quantas vezes por dia nos deparamos com pessoas emotivas? Quantas vezes nos atemos a detalhes do dia a dia ? Quantos amores, quantas saídas e e visitas fazemos aos amigos ? Quantos abraços e quantos sorrisos nos damos a nós mesmos quando estamos sós ? 

Hoje passando por essa senhora, nós cruzamos os olhares brevemente, numa fração de segundos eu me vi dentro dela. Eu era ela com suas vivências, sua história, suas lágrimas, sua dor, suas alegrias e vitórias. 
Ela refletiu dentro de mim seus sentimentos, suas falhas e lembranças. 
Eu balancei como se tivesse chocado contra a parede, minhas emoções se misturaram, e a chuva caía forte. 

O reflexo das poças no chão, mostravam ainda aquele olhar, o preto e branco das árvores, os seus olhos azuis intensos, o seu cabelo grisalho quase inteiramente branco, o seu caminhar pesado, seu sorriso jovial, as marcas e rugas na pele, o registro autêntico de quem ainda vive.

Eu não era você ontem, eu sou você hoje e agora. 

domingo, 24 de junho de 2018

Anjos ao sol

Lá vai o soldado gritar a dor, a dor de quem partiu, ficou e ninguém viu. 

O grito ecoa num mar de andorinhas. 
É num andar descalço e sereno a procurar ao léu a esperança de um novo céu, achar a dádiva de um despertar ensurdecedor de estrelas de papel. 
Elas emanam leveza.. reacendem a incerteza de uma nova era. Era essa que se desconecta, se desprende e desabrocha uma tendência, a energia de desapegar do espírito, da carne esta que mofa, que desconstrói uma imagem, uma paisagem de ardor.. a escuridão que detém do poder de ocultar, torturar e petrificar. 

Os olhos fechados, imaginam sussurros, discursos que arrepiam e sustentam o peso do cobre, do ouro maciço perdido nas lembranças de um passado cultivado em luxúria e calúnia . 
Enviado para despachar um anel de ciclos encubados, atabalhoados de fúria, lamúria secular especulam mágoas, remorso, se aprofundam com ganas de medo e solidão. 
Os anjos pairam e soltam a alma dos desafortunados, enquanto eles se desprendem a caminho da luz, da Glória, alforriam-se rumo ao infinito. 

Death

As laminas que entram nos meus poros, a larvas que evaporam pela boca, a vivacidade das cores, as armas que enlouquecem o ser, as larvas, o tiro, a flor lançada, a faca atravessada, o desenlace das flores, os desamores.

A ópera viking, as flechas lançadas, as armaduras, as forças pré definidas, o movimento dos barcos, os corpos derrubados, o sangue fluindo no mar..

A conquista e a ferramenta da vitória.

O corpo levado pelo movimento marítimo, as energias que se esvaiam, os olhos se fecham pra escuridão, tudo se desliga, a mente se entrega pra o bem e para o mal..





domingo, 15 de abril de 2018

Criando realidades

Sobre sonhos lúcidos, eu salto, eu caio em queda livre, eu imagino o salto, eu imagino a queda, eu idealizo sonhos, eu realizo metas.

Eu posso ser vc, eu posso ser a estrada, eu posso ser a areia do deserto, eu posso ser um corpo, e posso ser o inseto a pairar.

Eu crio realidades, eu me identifico com meu corpo fisico, eu sei que estou sonhando, eu identifico a minha realidade, e eu posso transforma-la, e por que nao transformar minha atual realidade ?
E por que nao ser hoje um eu melhor ?
E por que nao sorrir mais agora ?
E por que nao ser feliz agora ?

Agora!

Podemos criar nosso eu, podemos reprogramar nossas mentes !
podemos abrir brechas na nossa mente!
Podemos viver!

Agora!

Eu mentalizo, eu realizo!
Eu me identifico!
Eu sou!

O que agora sou, o que agora fui, o que agora serei.
Eu amo, eu gosto, eu hei de ser mais forte, eu hei de criar, eu hei de iniciar, eu hei de fazer, eu hei de exercer!

Deus está em mim, sou deus dentro de mim.
Sou mais forte de quem pode ser, sou mais forte do que voces podem ver!

terça-feira, 13 de março de 2018

Mundo Dualista

Aonde você é o que você não é..

Você é visto pela sua aparência, e não pela sua essência.
Você deve ser o que os outros vêem de você, e não o que você quer ser.

Você foge da vida e o sistema te persegue.
Você quer mostrar a que veio mas as pessoas te julgam.

O Ego te joga para dentro de você mesmo.
A Solidão te consome, te corrói, e corrompe.
O Ego te destrói.
A sociedade te esmaga.

E você continua a ouvir vozes ensurdecedoras dentro de você, e mais uma vez você morre.. lentamente.



Você derrete frente à multidões, você se torna o nada, e para o nada você é lançada como uma pólvora no ar, como fogo no gás, explode, no meio da loucura e do caos.. 


Você não mais se enxerga, não mais se quer, nem se doa e nem se deseja. 

Você foi trocada por um material barato, um soldado de brinquedo, um objeto descartável, você se torna esquecido, e mais uma peça falida, quebrada, distorcida. 

Você era somente parte de mais um ciclo vicioso, com início, meio e fim. 
Só mais um. 

segunda-feira, 5 de março de 2018

Desconhecida Desejável

Eu sonho com uma mulher, linda, dos cabelos lisos e encaracolados, que me lembram os corais de Madagascar, eu não conheço lá, mas ela é suave, desliza, tem um sorriso transparente, se faz tranquila.

Eu gosto dela, eu sinto ela forte, feliz e autêntica.
Eu gosto de mulher fugaz, personalidade forte, direta e prosa. Divertida e mais velha.
Fala grosso, eu me desfaço, mas não me retraio.
Eu sigo, eu fujo, eu me faço de doida, nefasta, mas nunca me afasto..
Eu sonho com o abraço, o beijo.. desejos intensos que não me fazem desgrudar da ideia..
Eu amo a enciclopédia, a razão, a beleza, a inteligência e a sua audácia.
Eu amo sua paixão pela natureza.
Amor.

sexta-feira, 16 de fevereiro de 2018

Distorção da Realidade




As vezes eu me sinto menos inteligente, menos esperta, menos grande.

Como aquelas portas das igrejas e templos, que nos mostram o quanto somos pequenos em relação à Deus, e não o quanto somos grandes com Deus dentro de nós!.


terça-feira, 23 de janeiro de 2018

Favela ou Desafio ?

Eu sempre questionei o porque as pessoas buscam fazer passeios em áreas pobres como as próprias favelas do Rio de Janeiro, e em outras comunidades pelo mundo.

E hoje parece que entendi a razão, talvez pelo mesmo modo quando buscamos a natureza em si.

Buscamos o desafio, a sensação de perigo, o desconhecido.

As pessoas com seus olhares sofridos,
as marcas na pele seja pela idade ou pelo tempo, o chão de terra batida ou o calçamento emburacado, a falta de saneamento básico, a podridão, a natureza in natura, o rústico, insólito, as crianças em sua mais pura inocência no meio do nada sem responsabilidades, sem julgamentos, sorriem felizes diante do caos, o caos humano, o caos indigesto, mas o caos que brilha diante dos olhos de outros seres humanos que tem uma situação econômica "superior", são os mesmos que buscam a natureza pura, a ingenuidade, a essência, nada mais do que a matéria intocável, sensível, aparentemente sem regras, desordenada, divertida, apesar de muitas vezes sofrida.


É o mesmo, que quando vamos fazer um mergulho em águas profundas, buscamos o desconhecido, tememos encontrar monstros marinhos... Ou mesmo quando vamos a uma floresta temos medo de encontrar víboras, aranhas, leões, o desafio do inexplorado, o desafio de nos sentirmos uno com o mundo ao nosso redor. De ganharmos novas percepções, novas respostas, novos olhares, e novas formas de pensar.

É o que nos modifica por dentro, nos faz dar mais valor a nós mesmos e à nossa realidade, dá cor a nossos sonhos, movimenta nossos fluxos de energias, também cria novas frentes evolutivas não só pra quem visita, mas pra quem é visitado, por uns momentos criam-se identificações com o Ser, o eu interior, o 'in natura', somos mais do que eu, somos você, somos um todo, somos um. Posso ser você, amanhã, fui você ontem, e vida que segue.


Não nos deixemos abalar pela miséria da alma, pelo auto-flagelo, pelo abandono, pela depressão urbana. Eu sempre estarei aqui subindo e descendo essas escadas, cumprimentando, ensinando e aprendendo com vocês, eu sempre visitarei vocês, seja eu branco, amarelo ou vermelho, quero você evoluindo, enviarei meus amigos, eles também vão almoçar com vocês, vão dançar com vocês, e o ciclo continua intermitente, até que a favela não seja mais um flagelo visual, seja um espaço comum, pobre porém rico, rico de olhares, cores, rico de experiências, rico de jornadas, de pessoas, de sensações vívidas ou apenas vividas.



segunda-feira, 8 de janeiro de 2018

Terra, devaneios..

Em pensar que tudo começa e nasce na terra.
A terra que se planta, é a mesma que pisamos, crescemos e nos transformamos,
nos reinventamos todos os dias, com chuva, na seca, brotamos novos, caímos velhos, enraizamos famílias, compartilhamos significados, existências.

O sapato que a gente calça; Conforto esse que se esconde numa marca, numa reafirmação de quem somos, ou não.

O mesmo pé descalço caminha num chão de terra batida, por entre pedras, sente as nuances da terra, a areia nos dedos, a firmeza no tato, o desengonçar. É o mesmo que transcende Nike, sandálias, plataformas, distorcem e se contorcem num simples caminhar.




O caminhar torto e desequilibrado de uma criança que aprende a andar. Com ganas de ganhar o mundo, sem pressa, observador, caminha.

O mesmo chão que rasga, abre, emburaca, navalha, se cobre e invade. É o mesmo que se ama, se perde, implora e se sente.