E hoje parece que entendi a razão, talvez pelo mesmo modo quando buscamos a natureza em si.
Buscamos o desafio, a sensação de perigo, o desconhecido.
As pessoas com seus olhares sofridos,
as marcas na pele seja pela idade ou pelo tempo, o chão de terra batida ou o calçamento emburacado, a falta de saneamento básico, a podridão, a natureza in natura, o rústico, insólito, as crianças em sua mais pura inocência no meio do nada sem responsabilidades, sem julgamentos, sorriem felizes diante do caos, o caos humano, o caos indigesto, mas o caos que brilha diante dos olhos de outros seres humanos que tem uma situação econômica "superior", são os mesmos que buscam a natureza pura, a ingenuidade, a essência, nada mais do que a matéria intocável, sensível, aparentemente sem regras, desordenada, divertida, apesar de muitas vezes sofrida.
É o mesmo, que quando vamos fazer um mergulho em águas profundas, buscamos o desconhecido, tememos encontrar monstros marinhos... Ou mesmo quando vamos a uma floresta temos medo de encontrar víboras, aranhas, leões, o desafio do inexplorado, o desafio de nos sentirmos uno com o mundo ao nosso redor. De ganharmos novas percepções, novas respostas, novos olhares, e novas formas de pensar.
É o que nos modifica por dentro, nos faz dar mais valor a nós mesmos e à nossa realidade, dá cor a nossos sonhos, movimenta nossos fluxos de energias, também cria novas frentes evolutivas não só pra quem visita, mas pra quem é visitado, por uns momentos criam-se identificações com o Ser, o eu interior, o 'in natura', somos mais do que eu, somos você, somos um todo, somos um. Posso ser você, amanhã, fui você ontem, e vida que segue.