As Cores d'Alma
Arquivo do blog
sexta-feira, 6 de junho de 2025
Portal 06.06 - Canalização: Reconexão com o Amor
segunda-feira, 14 de abril de 2025
Escassez Européia
Alguns dias atrás, eu comecei a me dar conta do quanto o ser humano, no geral, não está preocupado em incentivar o outro.
Certamente, em meu trabalho como guia de turismo, tenho notado que, enquanto tento saber um pouco mais do cliente e suas andanças pelo mundo, muitas vezes, no meu momento de partilha, sinto vontade de trocar um pouco o meu ponto de vista pela visão dele. E, às vezes, tenho vontade de compartilhar que já morei onde ele mora ou que eu mesma já visitei o país dele.
Eis que me dei conta de que eles não parecem felizes quando conto que já estive lá ou que já morei lá. Ou melhor, a palavra pode não ser exatamente felicidade, mas privilégio. É como se, de alguma forma, na cabeça deles, eu fosse um ser privilegiado por já ter estado no país deles e, desse modo, eu não devesse ganhar nenhum incentivo por parte deles.
Eu, na minha sincera busca, perguntei aos meus colegas guias se eles falavam sobre suas viagens e vivências no exterior com seus clientes. Caramba, foi incrível e unânime como os meus colegas disseram que também notaram que, quando comentavam com os clientes sobre suas experiências no exterior, logo deixavam de receber gorjetas. Consequentemente, passaram a omitir essa informação ou mesmo mentir a respeito.
Para mim funciona de forma contrária. Poxa, se eu escuto de um funcionário que contratei para um serviço (que seja um guia de turismo local) e essa pessoa me diz que já esteve onde eu moro, eu daria um incentivo financeiro, sim. Afinal, no meu entendimento, se essa pessoa consegue viajar ainda mais além, eu ficaria muito feliz em poder ajudar de certa forma e incentivar essa pessoa (de um país emergente) a realizar seus sonhos.
Mas então, compreendi que, na realidade, o cliente que chega aqui no Brasil e escuta que você, guia, já esteve no país dele — seja a trabalho ou de férias — subentende que você tem uma certa condição financeira. Talvez porque, no fundo, ainda exista aquela visão colonial... De que o outro só deve receber incentivo se estiver “abaixo” — no lugar do “coitadinho”.
Eu diria que não é somente bizarro — e posso provar!
Semana passada, conversei com um cliente americano. Ele me disse que trabalha com implantes dentários em uma empresa brasileira que é considerada a melhor do mundo atualmente. Comentei que minha mãe, anos atrás, recebeu uma proposta para trabalhar nos EUA. Na época, ela trabalhava com Prótese Dentária, e eu disse que ela não aceitou por inúmeros fatores. Por fim, eu mesma não informei que já havia ido aos EUA — omiti a informação, já como aprendizado anterior. E, nisso, ao lado, uma inglesa do grupo ouvia a conversa. Ao final do tour, vi o marido dela separando o dinheiro para mim ou para o motorista. Ela sussurrou algo no ouvido dele e, simplesmente, na hora de se despedir, ele me deu um singelo aperto de mão — e nada para mim ou para o motorista. O dinheiro que ele havia separado sumiu, ou seja, voltou para o lugar de onde havia saído.
Pra mim, ficou muito clara a mensagem.
Com toda a experiência que tive trabalhando na Europa (navio) durante esses dois anos. O Europeu ainda busca explorar, sem se envolver, e quase sempre é sobre tirar vantagem do próximo — raramente sobre compartilhar. E ainda, 'egoicamente' falando, agem como se ainda fossem os grandes filósofos que a humanidade um dia teve, mas não absorvem tais conceitos e conhecimentos para o desenvolvimento sustentável da espécie humana.Ao mesmo tempo que desconhecem o significado da palavra gentileza, também desconhecem seus princípios básicos como ser humano.
(Não estou generalizando… conheço europeus bons de coração, porém são escassos.)
Universo, O que está certo sobre isso? De certo, o que me incomodou um dia, está dentro de mim, seria ainda um remanescente de uma crença limitante de escassez? Fica a reflexão.
terça-feira, 11 de fevereiro de 2025
E se as pessoas fossem como livros?
Quantas pessoas hoje estão em busca de serem validadas?
Hoje quase ninguém mais faz uma gentileza ou direciona uma palavra honesta e muito menos um olhar sincero e profundo, olho no olho, o que poderia ser apenas uma mensagem de conforto a outrem.
Muitas pessoas estão cegas, olhando para si mesmas, sem demonstrar suas vulnerabilidades, medos e traumas, por meramente medo. A crença de que vulnerabilidade nada mais é do que uma fraqueza, e fraquezas nao "devem" ser demonstradas em praça pública.
Cabe mais a esses seres demonstrarem uma capa de rosto como de um livro sem folhas. Uma capa de livro muito bonita, com um texto vago ou seria um prólogo muito convincente de que o conteúdo vale a pena ser folheado, o livro parece pesado, quando vc abre, cadê as folhas? As folhas foram arrancadas, o conteúdo é inexistente. Elas mesmas arrancaram, para não exporem suas falhas, os percalços da vida, como se fossem tudo motivo de vergonha.
Se reconhecem como semideuses, porém vivem como indigentes mentais/emocionais. Buscam a perfeição em tudo, não pode existir tropeço nem carência nem tristeza. Perambulam como viajantes, vivendo a melhor vida, os melhores sonhos, criam ilusões por onde passam, já os seguidores que acompanham nem imaginam quantas tormentas essas pessoas enfrentam dia após dia ou as vezes nem sabem que tormentas existem, devido ao distanciamento, por vezes de si mesmo.
A essência ruiu, elas nem sabem por onde sumiu.
São meros zumbis, andando de lá para cá, com seus holofotes nas mãos, e poses de lado, de frente, de costas, olhando para quem? o que se vê? o que é visto? Aos olhos de quem? Comentários vazios.
Uma sociedade baseada no medo em demonstrar vulnerabilidade, mostrando a superficialidade deles mesmos, sem intensidade e sem parâmetros, sem buscas e sem esperanças, sem estudos e sem sentido..
Uma bússola desorientada.
O que custava um olhar de compaixão? Um olhar macio, leve, abrir o coração, demonstrar que estamos vivos, que somos recuperáveis embora as circunstancias não demonstrem por vezes nos ser favoráveis.
Que custa abrir os braços e pedir um afago? O que custa ter um pouco de humanidade? O que custa tentar entender o outro?
Ainda tem muitos livros a serem lidos, pessoas que ainda não estão ocas por dentro. Pessoas que ainda olham nos olhos, pessoas que ainda querem ser vistas e não estão por trás de telinhas.
Essas pessoas estão por aí pela rua, nos cantos, nas esquinas ou até mesmo dentro de casa. Olhar para o lado não vai fazer seu dedo cair.. nem sempre o que está em casa, está buscando validação, as vezes ele mesmo está demonstrando vulnerabilidade sem a necessidade de reconhecimento, ou talvez ele queira ser justamente reconhecido por suas fraquezas.
Será que um voto de confiança pode ser necessário num mundo perfeito que não há caos?
Ou é necessário que haja caos para haver o direito a um voto de confiança?
Será que podemos confiar em nós mesmos?
Será que somos dignos de tal, sem necessitarmos de validação externa?
Vale uma reflexão...
Por mais compaixão.