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quinta-feira, 7 de novembro de 2024

A Luta dos 37 anos e a Transição de Carreira - Parte 2

 Acho que poucos de vocês experimentaram na vida o que é chegar aos quase 40 sem uma perspectiva de continuar na carreira que vocês imaginaram a vida inteira. 

Beirando meus 38 anos, eu vim de uma sequencia intermitente de 13 anos de carreira em Turismo, uma área que apesar das dificuldades para uma pessoa que passou boa parte disso como freelance, nunca achei que tinha escolhido a área errada, sempre me identifiquei por mais desafios que houvessem pelo caminho. 

Ano passado já vinha aos trancos e barrancos acreditando que algo errado não estava certo rsrs.. eu me graduei na faculdade de turismo, mandei vários currículos para agencia de viagem que era um sonho que eu tinha até então, nao fui aceita nem pra estagiar em nenhuma dessas, afinal eu nao tinha QI nem de gente e aparentemente nem as notas 10 esperadas, e comecei a minha vida em hostel, até finalmente ter uma ideia brilhante, por que nao fazer curso de guia de turismo?! La fui eu, logo tirei a carteira e fiz cerca de 7 anos o guiamento, de barco, lancha, ônibus, van, carro executivo, grupos pequenos, grandes, idosos, universitários, enfim, zerei o Rio de Janeiro desde passeios regulares à passeios exóticos. E por fim, cansei de tanto rodar por aí, acabar com meus joelhos, a minha voz, muito muito calor, sem alimentação regrada nem horário e muito menos um salário fixo. Nesse meio tempo fiz Copa e Olimpíada, foram os meus maiores prazeres, ate guiar no ônibus eu guiei e nem tinha sido contratada pra isso rsrs.. tamanha empolgação de mostrar a cidade que eu nasci. Em 2017, eu entrei finalmente num emprego estável com uma família que me agregou muito rápido, entre trancos e barrancos dos desafios do trabalho, eu consegui me manter por cerca de 3 anos, até que eu quis voar mais longe, pedi demissão e fui embarcar à bordo de navios de cruzeiros. Já cansada de seguir a vida carioca, apesar de que lembrando bem, eu era a que mais aproveitava, até os hoteleiros invejavam, eu que vivia enfurnada no Hilton hotel 8h por dia, em escala 6x1, sem passar natal em família, e muitas reuniões importantes no âmbito social eu perdi, eu não deixava de fazer meus pedais 3x semana, as vezes batia 100km pela manhã e ia trabalhar à tarde como se nada tivesse acontecido, mas fresca e feliz, era de uma outra sintonia atender os clientes depois de um pedalzão desses, sem dúvidas, a melhor rotina que eu já tive durante esses 10 anos de experiência no turismo. 

Fui pro navio com o sonho de visitar vários países que nunca achei que poria o pé. E uma leve "brisa" de achar que ia dar pra aproveitar um montão mais até do que trabalhar. Pobre ilusão.. rsrs eu não assisti à Disney mas caí no conto dos Influencers Digitais. A vida é florida pra eles e mais ninguém. 

À bordo nos primeiros 2 meses de experiência, já notei de cara que era uma rotina completamente diferente, com mudanças todos os dias, sem horários certos, e muito menos tempo pra se cuidar, apesar de tudo estava muito empolgada, pois tudo era ridiculamente novo, e eu estava conhecendo gente de muitas nacionalidades diferentes, e cada dia eu pisava num país novo, só pra mim isso já era o maior barato de todos!!!! Eu cheguei num ecstazy de pura felicidade, acho que eu era a mais animada do navio, claro que essa felicidade plena nao durou muito, afinal o povo lá parece trabalhar pra te fazer descer do salto rapidinho. Não tem ninguém feliz pelo menos nao nos navios que eu trabalhei, que por sinal foram os maiores, e quanto maior é mais trabalho, menos diversão, mais gente negativa e mais gente pentelha também. Enfim papo pra outra conversa. 

A minha rotina virou do avesso, nenhum dia era igual ao outro, exceto os dias de mar, dias que o navio está navegando e não para em terra, esses são os dias que não acabam nunca, e as pessoas dificilmente compram algo, só vem fazer perguntas aleatórias e nunca é sobre o que você está vendendo. Parece que os clientes ficam tão entediados quanto à gente, vendo apenas água ao redor. 

Resumindo, fiz 3 contratos à bordo, sai com a sensação de nunca mais voltar, pelo menos naquela compania, não pelo trabalho em si, mas pelos maus tratos, falta de valorização da empresa com o funcionário, alimentação péssima, tratam a gente pior que qualquer animal. Sem contar com os gerentes que sao as pessoas mais frias do universo, sao os que sobem de cargo e tem zero empatia. Se melhorassem pelo menos a alimentação, eu pensaria em voltar mesmo diante dos outros desafios. 

Mas resolvi tirar meu ano sabático, de descanso, de repensar nos meus processos de vida, até porque com 3 meses que eu estava em casa, voltei a aplicar pra outras companhias, e o caminho se fechou, alguns sites davam problema em cadastrar meu currículo e outros sites simplesmente não estavam aceitando brasileiros. Ou seja, não era pra ser, não naquele momento. 

Eu entendi como um sinal do universo, é pegar ou largar, ficar em casa meditando, perguntando ao universo qual é o próximo passo? o que Deus preparou pra mim? 

E hoje eu decidi empreender uma loja virtual, na promessa de aprender e me atualizar sobre tudo o que tem relação com Inteligência Artificial, afinal eu fiquei 3 anos no vácuo do navio, o tempo passou, e eu perdi o bonde, eu deixei de ganhar algumas habilidades e o mundo avançou muito rápido, claro que eu não perdi, afinal lá também pude praticar 4 idiomas, e outras várias habilidades dinâmicas, mas a tecnologia ficou pra trás pelo menos pra mim. 

Sou ciclista de carteirinha, com o navio acabei obviamente abandonando bastante, nao conseguia ter forças pra ir pra academia depois de um tempo, engordei um bocado, e por fim, acabei largando o esporte. Hoje eu comecei a criar essa loja com o intuito de voltar a pedalar, e além de me motivar, motivar outros que estão iniciando ou que já estão no caminho e querem saber de dicas de melhorar seu desempenho no esporte. 

É muito estranho ver sua vida definida boa parte dela, e de repente ter uma quebra, e você perder o chão e não saber pra onde ir e o que fazer, é angustiante... foram quase 1 ano sem saber a rota ou o destino, e agora depois de me matricular em um curso, e mais algumas plataformas, e iniciar num mundo completamente novo e oposto ao que eu estava acostumada, a dinâmica de correr para um lado e para o outro, ficar enfiada na frente de um PC o dia inteiro, cara.. o que me motiva é  >>  QUERO SER NOMAD DIGITAL. Esse é meu sonho e meta, quero trabalhar de outras partes do mundo na frente do meu melhor amigo e companheiro de viagens, o meu computador. E é isso, sair da minha zona de conforto, e continuar desbravando o mundo, mas de uma forma diferente!! 

O importante é se cair no buraco e nao souber como sair: Medite. Foi o único caminho que eu achei, a resposta está dentro de você. E se vc por ventura, nao obter sucesso nessa tentativa, faça outra, e outra, mas tem que tentar, sair da negatividade, não se vitimizar, vc é co-criador, temos o poder de criar nossa realidade, só tem que saber o que realmente faz a nossa alma vibrar! Cara, eu sou feliz viajando rsrs.. eu sou feliz pedalando, sou mais feliz ainda hoje trabalhando do PC, escrevendo, motivando, e é isso. É sobre ser feliz hoje. Não deixe a felicidade pro amanha! 


#transicaodecarreira